SEGUNDO LUGAR
Traumatismo cranioencefálico em um gato e 28 cães atendidos em um Hospital Veterinário . Estudo prospectivo
Craniocerebral trauma in 28 dogs and one cat seen at one Veterinary Hospital. Prospective study.
AUTORES:VIANNA, C.G.1; BAHR ARIAS, M.V.2
1 Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina, bolsista PIBIC – UEL/CNPq
Traumatismo cranioencefálico em um gato e 28 cães atendidos em um Hospital Veterinário . Estudo prospectivo
Craniocerebral trauma in 28 dogs and one cat seen at one Veterinary Hospital. Prospective study.
AUTORES:VIANNA, C.G.1; BAHR ARIAS, M.V.2
1 Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina, bolsista PIBIC – UEL/CNPq
2 Prof.ª Associada do Departamento de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina.
O traumatismo craniano (TCE) em cães e gatos é frequente na rotina clínica veterinária e na maior parte dos casos é decorrente de atropelamentos ou agressões. As lesões do tecido nervoso observadas neste tipo de trauma podem ser classificadas como primária quando decorrentes da força agressora no momento do traumatismo ou secundária quando diversos processos bioquímicos são deflagrados pela lesão primária culminando em lesão neuronal progressiva, o que reduz a pressão de perfusão cerebral e exacerba a hipóxia celular. O volume do cérebro pode então aumentar, possibilitando a ocorrência de herniação cerebral e óbito. O tratamento visa reverter o choque e evitar ou diminuir as lesões secundárias ao sistema nervoso e manter a perfusão cerebral adequada, existindo ainda poucos procedimentos e medicamentos eficazes com estas funções. O objetivo deste trabalho foi realizar o estudo epidemiológico e o acompanhamento intensivo dos casos atendidos, verificando a espécie, idade, sexo, peso, causa, tempo entre trauma e atendimento, medicações utilizadas por veterinários e proprietários antes do atendimento, local mais comum de lesão encefálica, escala de coma inicial, glicemia no momento do atendimento, presença de lesões concomitantes e evolução do caso. O trabalho foi desenvolvido através do acompanhamento dos pacientes atendidos no Hospital Veterinário (HV) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) no período de 09/2008 a 04/2010, devido à ocorrência de traumatismo cranioencefálico. O tratamento incluiu principalmente a manutenção da volemia, a oxigenação do paciente e a elevação da cabeça a 30º. Manitol foi utilizado de acordo com os sinais clínicos e antibióticos foram utilizados quando haviam lesões penetrantes. Realizou-se ainda manejo adequado do paciente em decúbito, como limpeza, nutrição adequada e fisioterapia. Foi realizada avaliação diária dos parâmetros fisiológicos e do sistema nervoso desses animais, preenchendo-se uma ficha constando parâmetros clínicos, neurológicos, incluindo a pontuação na Escala de Coma Glasgow modificada, e exames complementares como glicemia. A avaliação final da funcionalidade dos pacientes como animais de estimação foi realizada da seguinte maneira: 1) disfunção severa - não interage quando chamado, incontinência urinária ou fecal, não ingere água e comida sem ajuda; 2) disfunção moderada – interage em alguns momentos, avisa para necessidades fisiológicas mas não se ergue, consegue ingerir água e alimentos sozinho; 3) disfunção leve – interage, ingere água e alimentos voluntariamente, realiza necessidades fisiológicas sem auxílio e em local correto e se movimenta, mas com dificuldade ou sequelas leves (exemplo head tilt, quedas). Foi considerado estado vegetativo quando os pacientes permaneceram inconscientes, porém com funções vitais intactas.
A maior ocorrência de TCE foi na espécie canina, com peso menor que 5 Kg e idade menor que cinco anos, porém estes fatores não interferiram na sobrevivência ou óbito. As principais causas de TCE foram atropelamentos e pancadas por objetos, sendo a maioria dos pacientes trazida para atendimento até 8 horas após o trauma, porém este fator, assim como a administração prévia de medicamentos não influenciou na sobrevivência dos pacientes. O tronco encefálico foi a porção mais acometida do encéfalo, havendo diferença significativa entre o número de animais sobreviventes considerando-se este fator. Hiperglicemia pós-traumática foi observada em 17 animais, mas este parâmetro não interferiu na taxa de sobrevivência. Foi observado maior número de óbitos em animais que apresentaram prognóstico moderado a grave na escala de coma de Glasgow modificada no atendimento inicial. A escala de coma modificada foi uma maneira objetiva de avaliar a gravidade do estado neurológico após o trauma, a severidade da lesão encefálica, a eficácia do manejo quando usada sequencialmente durante o tratamento e a probabilidade de sobrevivência, conforme citado em literatura. Quanto ao tratamento, foi utilizado manitol em 18 animais; sendo que destes 11 pacientes sobreviveram e sete foram à óbito. Dos 29 casos acompanhados, 14 pacientes sobreviveram, com recuperação total em nove e disfunção motora leve em cinco. Entre os 15 animais que não sobreviveram 13 foram à óbito por estarem em estado grave ou com disfunção severa que dificultaram a sobrevivência do animal. Em dois animais foi realizada eutanásia por estarem em estado vegetativo e não atenderem as expectativas dos proprietários como animais de estimação. Sugere-se a avaliação da funcionalidade dos pacientes como animais de estimação após a alta, pois sobrevivência após o trauma não necessariamente é um parâmetro que satisfaz ao proprietário. O número de sobreviventes foi menor do que o número de óbitos, pois a gravidade das sequelas do TCE nos animais de estimação é grande, existindo muitas limitações do tratamento na veterinária, como a realização de monitoração intensiva invasiva, incluindo monitoração da Pressão Intracraniana e uso de diagnóstico por imagem na emergência. Entretanto a abordagem e tratamento realizados neste trabalho foram úteis em vários casos, mesmo em animais com escala de coma inicial moderada e grave.
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