28 de mar. de 2007

MEDULA ESPINHAL - NEUROANATOMIA

1. ESTRUTURA EXTERNA
A . CARACTERÍSTICAS GERAIS

É o tecido nervoso dentro do canal vertebral, de forma aproximadamente cilíndrica, que se estende da parte final do bulbo (na altura do forame magno do osso occipital) até o cone medular. No interior da medula observa-se o canal central, que contém líquor, e é a continuação do sistema ventricular do encéfalo.

É dividida em regiões de acordo com o grupo de nervos que se ligam a ela (cervicais, torácicos, lombares, sacral e coccígeos). É dividida ainda em segmentos. A medula espinhal do cão é composta por 36 segmentos: C8, T13, L7, S3, Co5. Um segmento medular é a porção da medula espinhal que dá origem a um par de nervos espinhais.

Existem oito pares de segmentos cervicais, mas sete vértebras cervicais. Isto ocorre porque o primeiro par de nervos cervicais emerge entre o atlas e o occipital. Este conhecimento é muito importante pois a localização das lesões se referem aos segmentos, não às vértebras.

Durante o desenvolvimento pós natal, o crescimento da coluna suplanta a medula , ocorrendo um alongamento das raízes nervosas, diminuição do ângulo que as raízes formam com a medula,
afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes e conseqüentemente a formação da cauda eqüina. A cauda eqüina é o conjunto de nervos sacrais e coccígeos, localizados ao redor do filamento terminal e cone medular.

O diâmetro da medula não é uniforme, havendo áreas mais largas , como as intumescências cervical (C6 a T1) e lombar (L5-S1), que apresentam maior número de corpos celulares que suprem os membros torácicos e pélvicos respectivamente. Já a medula espinhal torácica é bem estreita. O limite caudal da medula situa-se na altura da 5a (6a) vértebra lombar nos cães e 6a (7a) vértebral lombar nos gatos. Isto varia de acordo com a raça do animal.

Caudalmente à intumescência lombar a medula se afina formando o cone medular, que contém os segmentos remanescentes sacrais e caudais. Na altura de L7, observa-se no final da medula o filamento terminal, um filamento esbranquiçado composto por células ependimárias e gliais, recoberto por pia máter, que perfura o saco dural e continua caudalmente até o sacro, fixando a medula na coluna vertebral

A superfície da medula apresenta sulcos longitudinais, que a percorrem em toda a extensão, algumas relacionadas as conexões com as raízes ventral (motora) e dorsal (sensorial) dos nervos espinhais.

2. ESTRUTURA INTERNA DA MEDULA ESPINHAL

Ao corte transversal da medula espinhal observa-se a substância cinzenta disposta internamente e a branca externamente. Contém as vias nervosas que se dirigem ao encéfalo (sensoriais) e as vias que vem do encéfalo (motoras) em direção aos músculos flexores e extensores.


-SUBSTÂNCIA CINZENTA: formato semelhante a uma borboleta, contém corpos celulares dos neurônios, células da glia e fibras nervosas conectivas. É dividida em colunas:
-coluna ventral(n. motores)
-coluna dorsal (n. de 2a ordem das vias sensitivas - interligam diferentes segmentos medulares entre si)
-substância cinzenta intermédia: (interneurônios ou neurônios de associação - participam de reflexos e circuitos locais)

-SUBSTÂNCIA BRANCA: contém axônios que fazem conexão com as partes rostrais e caudais do sistema nervoso, células da glia que produzem mielina e suportam os axônios

-Apresenta 3 funículos de cada lado:
· ventral: entre fissura mediana anterior e sulco lateral anterior
· lateral: entre sulco lateral anterior e lateral posterior
· dorsal: entre sulco lateral posterior e sulco medial posterior

-cada funículo contém diversos feixes de fibras (tratos e fascículos) conduzindo impulsos nervosos em sentido descendente ou ascendente. Tratos são grupos de axônios com funções similares. Os tratos são nomeados de acordo com a origem e o destino.


Tratos descendentes (motores): Podem ser divididos em dois grupos: tratos relacionado aos movimentos voluntários (flexores) e tratos ligados a postura e suporte de peso (extensores).

  • córtico espinhal: origina- se no córtex motor e desce para influenciar o corno ventral via um interneurônio. Conduz impulso motor voluntário. É cruzado


  • rubro espinhal: origem no núcleo rubro do mesencéfalo – locomoção. É cruzado
    vestíbulo espinhal: origem no bulbo (núcleo vestibular), estimula NMI aumentando tônus extensor ipsilateral e aumentando o tônus flexor contralateral. Manutenção da postura. Não cruza


  • retículo espinhal: estimula NMI aumentando tônus extensor. Atividade motora voluntária
    tratos ascendentes: levam informações sensitivas: dor, temperatura, pressão, tato e propriocepção

tratos ascendentes: levam informações sensitivas: dor, temperatura, pressão, tato e propriocepção

  • Fascículo Grácil e cuneiforme (fibras largas e mielinizadas) - propriocepção consciente, tato, dor

  • Tr. espino talâmico anterior (fibras com pouca ou nenhuma mielina) e tr. espino talâmico lateral - Dor profunda


  • Tr. Espinoreticular - Dor profunda


  • tr. espino cerebelar ventral e tr. Espino cerebelar dorsal - propriocepção inconsciente

2 comentários:

  1. Profª Bahr,

    Fantástico o seu blog. Tenha certeza de estar ajudando na difusão do conhecimento sobre neurologia veterinária. Meus PARABÉNS!!!

    Bruno R. Martins.
    Médico Veterinário.

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  2. Gostei, estou a fazer um trabalho com cães e interesso-me pela sua área. Felizmente muitas das lacunas que existem na divulgação em muitas áreas estão a ser assim preenchidas por pessoas como você. Desejo-lhe felicidades no seu trabalho. Vou recomendar o seu blog no meu trabalho. Estudo a inteligência animal, e a sua relação com a anatomia do sistema nervoso. Se tiver com toda a sua experiência algum conselho que queira dar-me, agradecia-lhe
    Ainda tenho muitas limitações no conhecimento do assunto, mas tenho alguns resultados.

    Valter Rodrigues
    Autodidacta

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