21 de jun. de 2010

Aspectos clinicopatológicos de 620 casos neurológicos de
cinomose em cães


Marcia C. Silva, Rafael A. Fighera, Juliana S. Brum, Dominguita L. Graça, Glaucia
D. Kommers, Luiz F. Irigoyen e Claudio S.L. Barros

RESUMO.- Os protocolos de 5.361 necropsias de cães realizadas
no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal
de Santa Maria de 1965 a 2006 foram revisados à procura de
casos de cinomose. Seiscentos e oitenta e três casos (12,7%) da
doença foram encontrados, dos quais 620 apresentavam sinais
neurológicos. Desses 620, os seguintes dados foram recuperados
para cada caso: idade, sinais clínicos, achados histopatológicos
e presença ou não de doença concomitante. Faixas etárias
foram classificadas como filhotes (até 1 ano), adultos (de 1 a 9
anos) e idosos (10 anos de idade ou mais). Lesões histológicas
foram observadas em 565 (91,1%) dos 620 casos com sinais neurológicos
de cinomose e em 554 desses casos a idade foi registrada
no protocolo com a seguinte distribuição por faixa etária: 45,9%
de filhotes, 51,4% de adultos e 2,7% de idosos. Os sinais neurológicos
compreendiam um largo espectro de distúrbios motores,
posturais e do comportamento, que podiam ocorrer juntos ou
individualmente. Os sinais clínicos mais freqüentes foram mioclonia
(38,4%), incooordenação motora (25,0%), convulsões (18,5%) e
paraplegia (13,4%). Em 98,4% dos 565 cães com alterações
histopatológicas no encéfalo, foram observadas desmieliniza-ção,
encefalite não-supurativa ou uma combinação dessas duas lesões.
Corpúsculos de inclusão foram observados em diferentes células
de 343 dos 565 cães com alterações histopatológicas no encéfalo.
Em 170 (49,6%) o tipo celular com inclusão não foi mencionado no
protocolo; nos restantes, as inclusões foram vistas em astrócitos
(94,8% dos casos), neurônios (3,5%), oligodendrócitos (1,1%) e células
do epêndima (0,6%). Levando em consideração o tipo de lesões
e as faixas etárias, casos com desmielinização e encefalite nãosupurativa
ocorreram em 40,0% dos filhotes, 51,2% dos adultos e
72,7% dos cães idosos. Somente desmielinização foi descrita em
48,4% dos filhotes, 41,3% dos adultos e 35,7% dos cães idosos. Somente
encefalite não-supurativa foi descrita em 11,6% dos filhotes,
7,5% dos adultos e 7,1% dos cães idosos.

Subluxação atlantoaxial em 14 cães (2003-2008)

Diego V. Beckmann; Alexandre Mazzanti; Giancarlo Santini; Rosmarini P. Santos; Rafael Festugato; Charles R. Pelizzari; Dakir Polidoro Neto; Raquel Baumhardt

Pesq. Vet. Bras. vol.30 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2010

O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo retrospectivo dos casos de subluxação atlantoaxial em cães, por meio de consulta dos registros neurológicos do Hospital Veterinário Universitário (HVU), entre os anos de 2003 e 2008. Foram identificados a raça, o sexo, a idade, a etiologia, os sinais neurológicos, a duração dos sinais clínicos, o tratamento empregado, a resposta ao tratamento, o tempo de recuperação, a recidiva e a relação entre a duração dos sinais clínicos e a recuperação pós-operatória. Foram feitos o diagnóstico de subluxação atlantoaxial em 14 cães, sendo as raças Poodle (35,7%), Pinscher (21,4%) e Yorkshire Terrier (21,4%) as mais acometidas e a maioria (92,8%) com idade inferior a 24 meses. A principal causa da instabilidade foi a agenesia do processo odontoide do áxis (71,4%) e os sinais clínicos variaram desde hiperestesia cervical até tetraparesia não ambulatória. O tratamento predominante foi o cirúrgico, que demonstrou ser eficaz com recuperação satisfatória em 90% dos casos e menor possibilidade de recidiva, quando comparado ao trata,mento clínico. O tempo de recuperação predominante foi de 30-60 dias após a cirurgia, não existindo relação deste com a duração dos sinais clínicos.