Autoria: Murilo Curti, acadêmico do quarto ano de Medicina Veterinária da UEL
Definição: doença grave caracterizada pelo excesso de líquido cefalorraquiano (LCR) nos ventrículos cerebrais. Ocasionada pelo desequilíbrio entre produção e absorção do LCR, havendo subseqüente dilatação do sistema ventricular.
Formação e circulação do líquor: O líquor é um fluído normalmente claro e incolor, contendo células em pequena quantidade e pouca proteína. Mantém o encéfalo suspenso, diminuindo seu peso, além de proteger o SNC mecanicamente contra impactos. Também permite variações no volume para manter a pressão intracraniana constante e tem algumas funções nutricionais e metabólicas. Produzido a partir do sangue pelos plexos coróides localizados dentro dos ventrículos, (cavidades dentro do sistema nervoso central). Os dois ventrículos laterais estão localizados na parte interna de cada hemisfério cerebral. Os ventrículos laterais comunicam-se através do forame interventricular com o terceiro ventrículo que está situado internamente no diencéfalo. O terceiro ventrículo comunica-se com o quarto ventrículo através de um ducto estreito, o aqueduto mesencefálico, localizado em um espaço entre o cerebelo e a ponte/bulbo. Pelas aberturas do IV ventrículo (forames de Luschka e Magendie) o líquor atinge a cisterna magna e o espaço subaracnóideo da medula e encéfalo, sendo então reabsorvido pelas granulações aracnoídeas, voltando ao sistema venoso.
Causas: A hidrocefalia pode ser congênita ou adquirida. Na Medicina Veterinária a forma congênita é mais comum, sendo as raças mais predispostas: Maltês, Yorkshire, Bulldog inglês, Chihuahua, Lhasa Apso, Pomerania, Poodle toy, Boston terrier e Pug. A forma congênita e considerada uma forma obstrutiva ou não comunicante, provavelmente decorrente da obstrução do aqueduto mesencefálico, por inflamações no período pré ou pós-natal. Malformações do cerebelo (hipoplasia do vermis, síndrome da máformação occipital caudal- Chiari tipo I) também podem ocasionar hidrocefalia congênita
A forma adquirida decorre de obstrução direta ou indireta da passagem do líquor (por neoplasias, cistos, inflamação, hemorragia), ou raramente por aumento da produção de LCR devido a neoplasia de plexo coróide. Pode ocorrer também o prejuízo da absorção do LCR devido a processos inflamatórios ou infecciosos (cinomose, PIF...), sendo neste caso a hidrocefalia classificada como comunicante. A perda de parênquima encefálico com subseqüente aumento dos ventrículos (hidrocefalia ex-vacuo, causada por exemplo por atrofia senil do encéfalo) é considerada hidrocefalia compensatória.
Sinais clínicos: a forma congênita é reconhecida em filhotes com 2 a 3 meses de idade. Além da deformidade em crânio (tamanho aumentado da cabeça e a presença de fontanelas abertas e palpáveis), e estrabismo ventrolateral (figura abaixo), observam-se sinais neurológicos variáveis como dificuldade de aprendizagem, episódios de comportamento anormal, demência, dificuldade de locomoção, tetraparesia em casos graves, cegueira cortical, surdez, estupor e convulsões. Os animais mais velhos, com hidrocefalia secundária mais comumente apresentam alterações decorrentes da causa primária.
Formação e circulação do líquor: O líquor é um fluído normalmente claro e incolor, contendo células em pequena quantidade e pouca proteína. Mantém o encéfalo suspenso, diminuindo seu peso, além de proteger o SNC mecanicamente contra impactos. Também permite variações no volume para manter a pressão intracraniana constante e tem algumas funções nutricionais e metabólicas. Produzido a partir do sangue pelos plexos coróides localizados dentro dos ventrículos, (cavidades dentro do sistema nervoso central). Os dois ventrículos laterais estão localizados na parte interna de cada hemisfério cerebral. Os ventrículos laterais comunicam-se através do forame interventricular com o terceiro ventrículo que está situado internamente no diencéfalo. O terceiro ventrículo comunica-se com o quarto ventrículo através de um ducto estreito, o aqueduto mesencefálico, localizado em um espaço entre o cerebelo e a ponte/bulbo. Pelas aberturas do IV ventrículo (forames de Luschka e Magendie) o líquor atinge a cisterna magna e o espaço subaracnóideo da medula e encéfalo, sendo então reabsorvido pelas granulações aracnoídeas, voltando ao sistema venoso.
Causas: A hidrocefalia pode ser congênita ou adquirida. Na Medicina Veterinária a forma congênita é mais comum, sendo as raças mais predispostas: Maltês, Yorkshire, Bulldog inglês, Chihuahua, Lhasa Apso, Pomerania, Poodle toy, Boston terrier e Pug. A forma congênita e considerada uma forma obstrutiva ou não comunicante, provavelmente decorrente da obstrução do aqueduto mesencefálico, por inflamações no período pré ou pós-natal. Malformações do cerebelo (hipoplasia do vermis, síndrome da máformação occipital caudal- Chiari tipo I) também podem ocasionar hidrocefalia congênita
A forma adquirida decorre de obstrução direta ou indireta da passagem do líquor (por neoplasias, cistos, inflamação, hemorragia), ou raramente por aumento da produção de LCR devido a neoplasia de plexo coróide. Pode ocorrer também o prejuízo da absorção do LCR devido a processos inflamatórios ou infecciosos (cinomose, PIF...), sendo neste caso a hidrocefalia classificada como comunicante. A perda de parênquima encefálico com subseqüente aumento dos ventrículos (hidrocefalia ex-vacuo, causada por exemplo por atrofia senil do encéfalo) é considerada hidrocefalia compensatória.
Sinais clínicos: a forma congênita é reconhecida em filhotes com 2 a 3 meses de idade. Além da deformidade em crânio (tamanho aumentado da cabeça e a presença de fontanelas abertas e palpáveis), e estrabismo ventrolateral (figura abaixo), observam-se sinais neurológicos variáveis como dificuldade de aprendizagem, episódios de comportamento anormal, demência, dificuldade de locomoção, tetraparesia em casos graves, cegueira cortical, surdez, estupor e convulsões. Os animais mais velhos, com hidrocefalia secundária mais comumente apresentam alterações decorrentes da causa primária.
Diagnostico: é baseado nos sinais clínicos e exames complementares. Na radiografia simples pode-se identificar crânio em domo, fontanelas abertas e adelgaçamento da cortical. Para confirmação do diagnostico a ultra-sonografia através das fontanelas abertas ou a pneumoventriculografia ou a ventriculografia são indicadas para avaliação do tamanho dos ventrículos. A tomografia computadorizada e a ressonância magnética são métodos diagnósticos que quando disponíveis permitem melhor visualização das estruturas.
Na figura abaixo observa-se entre as setas a espessura do tecido nervoso e os ventrículos dilatados preenchidos por contraste.
Tratamento: depende da causa primária. Na maior parte dos casos o tratamento médico oferece melhora paliativa, mas não alivia a obtrução. O objetivo é a redução do edema e da produção de LCR, utilizando-se glicocorticóides e diuréticos com esta função, mas deve-se tomar cuidado com os efeitos colaterais. Os diuréticos devem ser usados com cautela, pois podem ocorrer desequilíbrios eletrolíticos, como hipocalemia. O omeprazol além de gastroprotetor, também pode aparentemente reduzir a produção de LCR em cães.
Além do uso de medicamentos, o tratamento cirúrgico com o uso de derivações (shunts), é indicada em casos de excessivo acúmulo de LCR em pacientes refratários ao tratamento médico. Existem várias técnicas descritas, que variam principalmente em relação à cavidade para onde o LCR é drenado (peritônio, átrio, espaço pleural e até mesmo diretamente na veia jugular). A sonda ventriculoperitonial é a que apresenta melhor resultado, pois apresenta grande capacidade de volume e absorção. É contra indicado a colocação da sonda em animais com evidencias de infecção no LCR ou com peritonite. As complicações mais comuns associado ao uso de sonda são as obstruções e as infecções.
O prognóstico da doença é reservado a ruim, devido ao diagnóstico tardio, pois muitos dos sinais não regridem.
Leituras sugeridas:
Hidrocefalia associada a criptococus em cão: http://www.ufrgs.br/favet/revista/35-3/artigo754.pdf
Ultra-sonografia transcraniana em cães com distúrbios neurológicos de origem central - http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v59n6/10.pdf
Application of ventriculoperitoneal shunt as a treatment for hydrocephalus in a dog with syringomyelia and Chiari I malformation - http://www.vetsci.org/2006/pdf/203.pdf
Além do uso de medicamentos, o tratamento cirúrgico com o uso de derivações (shunts), é indicada em casos de excessivo acúmulo de LCR em pacientes refratários ao tratamento médico. Existem várias técnicas descritas, que variam principalmente em relação à cavidade para onde o LCR é drenado (peritônio, átrio, espaço pleural e até mesmo diretamente na veia jugular). A sonda ventriculoperitonial é a que apresenta melhor resultado, pois apresenta grande capacidade de volume e absorção. É contra indicado a colocação da sonda em animais com evidencias de infecção no LCR ou com peritonite. As complicações mais comuns associado ao uso de sonda são as obstruções e as infecções.
O prognóstico da doença é reservado a ruim, devido ao diagnóstico tardio, pois muitos dos sinais não regridem.
Leituras sugeridas:
Hidrocefalia associada a criptococus em cão: http://www.ufrgs.br/favet/revista/35-3/artigo754.pdf
Ultra-sonografia transcraniana em cães com distúrbios neurológicos de origem central - http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v59n6/10.pdf
Application of ventriculoperitoneal shunt as a treatment for hydrocephalus in a dog with syringomyelia and Chiari I malformation - http://www.vetsci.org/2006/pdf/203.pdf
Primary Intra-axial Leiomyosarcoma with Obstructive Hydrocephalus in a Young Dog: http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WHW-4DKGYM6-1&_user=686187&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_version=1&_urlVersion=0&_userid=686187&md5=6c0bc0692f2dfca738f993205f513c2a
Periventricular Changes Associated with Spontaneous Canine Hydrocephalus - http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WHW-4DKGYM6-1&_user=686187&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_version=1&_urlVersion=0&_userid=686187&md5=6c0bc0692f2dfca738f993205f513c2a
COATES, J. R; AXLUND, T.W; DEWEY, C.W; SMITH, J. Hydrocephalus in dogs and cats. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian. v.28, n.2, p.136-146, 2006.
perfeita essa pesquisa..parabéns a todos que fizeram parte des projeto tão rico em relação a hidrocefalia...
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