4 de abr. de 2007

O EXAME NEUROLÓGICO

(Para aula do dia 05/04)
O sistema nervoso é praticamente inacessível à obervação direta, palpação, inspeção, etc. É através do exame neurológico que os sinais clínicos são localizados em alguma parte específica do sistema nervoso.
O exame neurológico é a base da neurologia clínica. Através dele sinais clínicos anormais são notados. Em 10 a 15 minutos o clínico será capaz de:
-Determinar a presença ou ausência de doença do Sistema Nervoso; confirmar a informação obtida pela anamnese; localizar a lesão; determinar se a doença é focal ou multifocal, determinar a severidade, o tratamento e o prognóstico, determinar o diagnóstico diferencial, escolher os exames complementares, verificar se a doença é progressiva ou estática, verificar a eficácia do tratamento
O exame neurológico deve ser sistemático. Nenhuma parte deve ser omitida, a não ser nos casos em que a condição clínica do paciente (suspeita de fratura de coluna por exemplo) não permita, ou nos casos de animais muito bravos. Antes da realização do exame neurológico, os pacientes devem ser submetidos a um exame clínico completo, para descartar outras possibilidades etiológicas, que causem a impressão de um problema neurológico, como displasia coxo femural, luxação de patela, ruptura dos ligamentos cruzados, choque, desidratação, anemia, insuficiência cardíaca congestiva levando a fraqueza e/ou desmaios, etc.
O exame neurológico é dividido em :
1. Exame físico
2. Reações posturais
3. Nervos cranianos
4. Atividade motora, músculos e cerebelo
5. Reflexos espinhais e funções viscerais
6. Sensibilidade, dor superficial e profunda

1. O exame físico inclui a avaliação da consciência, locomoção, postura, crânio, conduta e respiração. O estado da consciência é o estado de alerta, de percepção do que ocorre ao redor. É o conhecimento, a nível cortical, dos estímulos visuais, auditivos e outros do que ocorre.
Deve-se avaliar se o animal apresenta ataxia (incoordenação dos movimentos), andar em círculos (fechado: problema no sistema vestibular; aberto: problemas no córtex cerebral no núcleo caudado); observar se o animal apresenta rigidez no pescoço (causado por meningites, subluxação atlanto-axial, doença de disco); paresia (incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários); paralisia (incapacidade total de realizar movimentos). Observar também o tamanho do crânio (hidrocefalia, presença de fontanela), se há tremor intencional (o animal tenta parar mas o movimento continua); ampla base (o animal aumenta a área de sustentação para não cair quando anda, comum em problemas cerebelares e vestibulares). Verificar se o animal apresenta torção da cabeça (problemas vestibulares).
2. As reações posturais revelam deficiências assimétricas sutis, não observadas durante a marcha ou ambulação. As reações posturais são mecanismos complexos que possibilitam a um animal caminhar e manter-se em estação. Há participação do córtex somatosensório, estruturas subcorticais, tronco encefálico, tratos medulares aferentes e eferentes, e reflexos espinhais na coordenação e desenvolvimento das respostas. Os receptores para pressão e propriocepção (movimento) são ativados. A via aferente termina no cérebro, núcleos basais e tronco encefálico, levando impulsos que causam atividade muscular para o membro testado suportar o peso do corpo.
Saltitar
Propriocepção
Posição tátil e visual
Carrinho de mão
Estação unilateral
Caminhar unilateral
Alterações em 2 ou mais testes em qualquer membro indica uma deficiência significativa, mas a localização é mais regional do que específica. Por exemplo, alterações de membros do lado esquerdo sugerem: lesão medular cervical do lado esquerdo, lesão de ponte/bulbo do lado esquerdo, ou uma lesão mesencefálica ou cerebral contralateral (lado direito). É necessário a complementação do exame neurológico como será descrito a seguir.
3. Os nervos cranianos são numerados convencionalmente de I à XII. Com exceção do I e II pares de nervos (que têm origem no telencéfalo e diencéfalo, respectivamente), todos os outros pares têm origem no tronco encefálico. Os nervos cranianos podem ser sensitivos, motores ou mistos.

I-OLFATÓRIO: substância volátil não irritante
II-ÓPTICO
- desviar de obstáculos
-posição visual
-ameaça visual
-seguir movimentos
-tamanho das pupilas - bate nos obstáculos

III-OCULOMOTOR
-Controle simpático da função pupilar
-movimentos oculares em planos horizontal e vertical (reflexo oculovestibular)
-reflexo pupilar direto e consensual
IV-TROCLEAR -oftalmoscopia

V-TRIGÊMIO -tônus mandibular
-palpação dos mm mastigatórios
-reflexo palpebral e corneal
-sensibilidade em mucosa nasal
-sensibilidade em face
VI-ABDUCENTE-reflexo oculovestibular
VII-FACIAL
- reflexo palpebral e corneal
-ameaça visual
-tocar em orelhas
-simetria facial
-teste de schirmer

VIII-VESTIBULOCOCLEAR
-reflexo oculovestibular
-reflexo de endireitamento
-observar nistagmo
-bater palmas, testar audição

IX-GLOSSOFARÍNGEO
-reflexo de deglutição

X-VAGO
-reflexo de deglutição, da tosse e reflexo oculocardíaco

XII-HIPOGLOSSO
-tocar e molhar narinas
-observação e extensão da língua

4. O Tônus muscular é avaliado pela extensão, flexão e palpação dos membros, individualmente. Normotonia é a resposta obtida na manipulação dos músculos que exibem certo grau de resistência e tensão (tono). O paciente deve estar em decúbito lateral. Podem ser observados atonia, e hipotonia, relacionado à lesão de NMI, e hipertonia e espasticidade, relacionadas a lesões do córtex cerebral, tronco encefálico ou medula espinhal rostral ao nível do membro testado. Opistótono é a espasticidade extensora extrema e rigidez de todos os membros, indicando lesão severa do mesencéfalo. O fenômeno de Schiff Scherrington é caracterizado por hipertonia extensora dos membros torácicos e paraplegia e flacidez dos membros pélvicos, com reflexos normais nos membros pélvicos, normalmente indicando uma lesão no segmento toracolombar.
5. Os reflexos espinhais formam a unidade básica da integração e função do SNC. Os reflexos testam os segmentos medulares nos quais os reflexos estão envolvidos; portanto dependem de um arco reflexo e um pequeno segmento da medula espinhal Os reflexos da medula espinhal incluem os miotáticos, os flexores, extensor cruzado, perineal, micção, defecação e do panículo.

6. A avaliação sensorial deve ser a última parte do exame neurológico. Em animais com lesões medulares, a avaliação da sensibilidade dolorosa é importante para localizar a lesão e estabelecer o prognóstico. A sensibilidade superficial é testada por estímulo tátil a nível cutâneo, e a sensibilidade profunda por pressão vigorosa sobre o periósteo da região interdigital. A dor profunda não deve ser testada se a superficial estiver presente. A resposta à dor profunda é conduzida por pequenos axônios não mielinizados, os quais são mais resistentes aos efeitos da compressão.

Após o término do exame, deve-se localizar a lesão através das síndromes neurológicas.

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