9 de nov. de 2007

MIELOGRAFIA EM 50 CÃES COM ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS - ESTUDO RETROSPECTIVO

Trabalho apresentado no
-XVII Congresso Brasileiro da Anclivepa, 2006, Vitória. Anais do XXVII Congresso Brasileiro da Anclivepa. , 2006. p.24 – 24. Trabalho apresentado também na forma oral
-Anais do 5o COMPAVEPA. São Paulo: ANCLIVEPA, 2005. p.159 - 159

BAHR ARIAS, M.V.; GONZALEZ, J.M.; ZARI, A.C.; CASEMIRO, F.; MARGALHO, F.N. ; AIELLO, G .
A mielografia, técnica radiográfica em que um meio de contraste é injetado no espaço sub-aracnóide para visibilização da medula espinhal, é um exame útil para detectar alterações extradurais, intradurais–extramedulares e intramedulares. Não é um procedimento inócuo, porém sua realização de forma criteriosa diminui a incidência de complicações, auxiliando no diagnóstico de muitas afecções.
O objetivo deste trabalho foi avaliar 50 mielografias realizadas entre janeiro de 2003 e abril de 2005 em cães com alterações neurológicas. O peso dos animais situava-se ente 2,3 Kg e 49,7 Kg. Estudou-se o diagnóstico, técnica, indicação e complicações. O exame foi realizado por uma equipe contendo um anestesista, uma pessoa para posicionar o paciente e um veterinário responsável pela punção.
Todos os pacientes foram submetidos à anestesia geral e colocação de sonda endotraqueal. Em 38 animais a medicação pré anestésica foi realizada com diazepan, acepromazina ou levomepromazina, enquanto que para anestesia geral utilizou-se propofol ou tiopental. Em 12 animais utilizou-se somente propofol. Os meios de contraste utilizados foram o ioversol (12 animais) ou iohexol (38 animais).
Em 42 casos, o meio de contraste foi injetado na cisterna magna. Em seis casos, devido ao edema da medula que não permitiu a passagem do meio de contraste para o local onde havia suspeita de compressão, após a injeção na cisterna magna o meio de contraste foi injetado na região lombar para delimitar melhor a área afetada. Em um caso o meio de contraste foi injetado somente na região lombar e em um caso com síndrome lombo-sacra o meio de contraste foi injetado na cisterna magna e como não alcançou a junção lombo-sacra, foi realizada epidurografia.
O fluído cérebro-espinhal foi coletado de todos os animais, após a punção, antes da injeção do meio de contraste. Foi possível diagnosticar 27 casos de doença do disco intervertebral toracolombar (DDIV), seis casos de DDIV cervical, três casos de espondilomielopatia cervical caudal, uma neoplasia extra-dural e um caso de compressão dorsal extradural em junção lombo-sacra. Três cães foram encaminhados para o exame devido à ocorrência de trauma medular com lesão neurológica grave sem presença de deslocamento vertebral. Nestes casos não observou-se alterações em um exame e em dois havia edema medular, sendo que um dos pacientes veio a óbito durante o procedimento. Em cinco animais o exame foi inconclusivo devido à injeção de volume insuficiente de contraste (quatro animais) ou devido à falta de posicionamento ventro-dorsal (à necropsia observou-se presença de neoplasia extradural comprimindo a medula lateralmente). Em quatro cães a mielografia descartou lesões compressivas ou expansivas, e este resultado, associado ao exame neurológico e exame de líquor, permitiu o diagnóstico de doenças vasculares, degenerativas e inflamatórias da medula espinhal. Após o exame, 36 animais foram submetidos à tratamento cirúrgico e 9 a tratamento médico.
A análise destas informações permite concluir que a técnica de mielografia:
1) foi útil em 88% dos casos, seja confirmando a suspeita ou excluindo doenças da coluna vertebral, meninges ou medula espinhal;
2) precisaria de melhora da técnica em 10% dos casos e
3) apresentou complicações (óbito) em 2% dos casos.
A mielografia deve ser indicada quando radiografias simples não evidenciam lesões, quando as alterações das radiografias simples são incompatíveis com o exame neurológico, quando o diagnóstico de uma doença for realizado por exclusão de alterações compressivas ou expansivas da medula, e quando for necessária a localização exata da lesão, para realização de cirurgia. É importante frisar que antes deste exame as informações quanto a localização da lesão nos segmentos medulares e prognóstico devem ser obtidas com a realização de exame neurológico minucioso

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