30 de out. de 2007

QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?

Este cão Teckel de 1 ano e meio foi trazido por apresentar os sinais neurológicos mostrados no vídeo, de início súbito. Além disso apresentava diminuição das reações posturais do lado esquerdo, estrabismo em globo ocular esquerdo e nistagmo vertical.

1) Qual parte do sistema nervoso está envolvida?

2)Quais as divisões deste sistema e como as lesões nesta área podem ser diferenciadas?

3) Quais as suas suspeitas principais?
4) Quais os exames complementares indicados?



18 de out. de 2007

TETRAPARESIA - LOCALIZAÇÃO DA LESÃO

Tetraparesia é a incapacidade parcial de realizar movimentos voluntários com todos os membros, enquanto que tetraplegia é a incapacidade total de realizá-los.

Na tetraparesia pode haver fraqueza leve (animal caminha), moderada ou grave (não caminha, decúbito, porém consegue movimentar um pouco os membros).

Tetraparesia pode ser causada por lesões no Sistema Nervoso Central (tronco encefálico e medula espinhal cervical ou cervicotorácica) ou Periférico (junção neuromuscular, nervos espinhais, raízes nervosas e músculos). Algumas lesões no sistema nervoso central podem ser assimétricas e o animal pode apresentar hemiparesia/plegia ao invés de tetraparesia. Em muitas doenças do Sistema Nervoso Periférico, os cães mantém a capacidade de abanar a cauda normalmente.

É importante lembrar que em algumas lesões do tronco encefálico o paciente pode apresentar alteração no nível de consciência ou sonolência, enquanto que nas lesões da medula espinhal ou SNP o animal está consciente. É importante também diferenciar se a tetaparesia teve início agudo ou crônico, pois as causas costumam ser diferentes. No vídeo abaixo pode-se observar a diferença entre um caso de tetraplegia espástica causada por doença de disco cervical e outro caso de tetraplegia flácida causada por botulismo.





5 de out. de 2007

RESPOSTA - QUAL O SEU DIAGNÓSTICO - DO DIA 25/09

1) O paciente tem uma síndrome toracolombar grau 4, lembrando que nas lesões toracolombares a classificação em graus auxilia na escolha do tratamento e reavaliações posteriores. Os graus são:
–1. dor em coluna
–2. ataxia, diminuição da propriocepção
–3. paraplegia
–4. paraplegia com retenção ou incontinência urinária
–5. idem 4 e perda da sensibilidade profunda
2)Em pacientes com grau 1 e 2 o tratamento médico (repouso e anti-inflamatórios) pode ser eficaz e caso haja recidiva de dor ou ataxia recomenda-se tratamento cirúrgico.
Em pacientes nos graus 3, 4 e 5 é indicado o tratamento cirúrgico. Ainda há controvérsias quanto a melhor forma de tratamento cirúrgico, mas vários autores concordam que a cirurgia descompressiva é benéfica e promove recuperação mais rápida em 60 a 95% dos casos.
As opções de tratamento cirúrgico descompressivo são hemilaminectomia, minihemilaminectomia ou pediculectomia. Em cães com DDIV grau V, apenas 7% dos casos se recuperaram com o tratamento médico. Essa diferença sugere que o tratamento cirúrgico deva prevalecer e ser associado ao tratamento conservador principalmente nos casos severos
No caso em questão realizou-se a hemilaminectomia para retirada do material que encontrava-se dentro do canal comprimindo a medula espinhal, associada à fenestração do disco afetado.
3) Prognóstico
O prognóstico depende de fatores como a duração dos sinais clínicos, duração do início dos sinais clínicos e qualidade dos cuidados realizados no período pós-operatório, mas a remoção cirúrgica do material extruso parece ter correlação direta com a recuperação.
Para os graus 1 e 2 o resultado do tratamento médico na maioria das vezes é bom
Para os graus 3 e 4 o resultado do tratamento cirúrgico é bom
No grau 5, para o tratamento cirúrgico realizado até 48 horas após o início dos sintomas há 50 % chance de retorno à deambulação

A ordem de recuperação esperada é:
  • inicialmente o retorno da sensibilidade superficial e do controle da micção, seguido da movimentação dos membros posteriores e por último o retorno da propriocepção. O tempo estimado para ocorrer a recuperação total pode variar de uma semana a dois meses, podendo o animal ficar atáxico, mas com controle da micção.

No filme abaixo pode-se ver o primeiro retorno, no qual o animal não tem propriocepção, seguido das avaliações posteriores, quando o animal caminha, porém com ataxia.