30 de out. de 2007

QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?

Este cão Teckel de 1 ano e meio foi trazido por apresentar os sinais neurológicos mostrados no vídeo, de início súbito. Além disso apresentava diminuição das reações posturais do lado esquerdo, estrabismo em globo ocular esquerdo e nistagmo vertical.

1) Qual parte do sistema nervoso está envolvida?

2)Quais as divisões deste sistema e como as lesões nesta área podem ser diferenciadas?

3) Quais as suas suspeitas principais?
4) Quais os exames complementares indicados?



4 comentários:

  1. 1)sistema vestibular
    2)central e periferico
    central-sonolncia, propocepção ipsilateral,inclinação da cabeça,nistagmovertical,estrabismo possicional,deficit de nervos V,VI,VII e cerebelo.
    periferico-propriocepção ausente, inclinação da lesão para o lado de lesão,nistagmo,ataxia vestibular,sindrome de horner e paralisia facial.
    3)otite media-interna,sindrome idiopatica canina, polipos naso-faringeos,ototoxinas,hipotireoidismo,
    neoplasia.
    4)RM,TC,RX, dosagem de T3 T4

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  2. 1) A estrutura neuroanatômica envolvida é o tronco encefálico, mais precisamente a região rostral do bulbo onde estão localizados os núcleos vestibulares. Ou seja, o SISTEMA envolvido é o VESTIBULAR.

    2) O sistema vestibular é anatômica e funcionalmente dividido em CENTRAL (tronco encefálico) e PERIFÉRICO (orelha media e interna). As lesões centrais podem ser diferenciadas das periféricas da seguinte forma:

    • Na síndrome vestibular central o animal normalmente apresenta envolvimento de vários nervos cranianos. Ou seja, além dos pares de nevos responsáveis pelo reflexo oculocefálico (III, IV e VI juntamente com o vestíbulococlear (VIII) e o fascículo longitudinal medial), é possível notar sinais de lesão do V par craniano (Trigêmeo) como diminuição do reflexo palpebral e diminuição ou ausência da sensibilidade da cabeça. É importante lembrar que os déficits relacionados ao VII par (Ex. assimetria da face) podem ocorrer tanto nas lesões centrais como nas periféricas.

    • Os déficits proprioceptivos só estarão presentes na síndrome vestibular central, já que as vias proprioceptivas não apresentam ligação neuroanatômica com os componentes do sistema vestibular periférico e sim com o troco encefálico. É importante não confundir ataxia vestibular (presente em ambas) com déficits proprioceptivos.

    • Os nistagmos horizontal e rotatório podem ocorrer tanto na síndrome vestibular central como na periférica, porém o nistagmo vertical e o posicional são fortemente sugestivos de uma lesão central, tendo este último à característica de se alterar (Ex. vertical a rotatório) quando há modificação na posição da cabeça.

    • Nas lesões periféricas a fase rápida do nistagmo possui sentido oposto ao lado da lesão (“fugindo do lado da lesão”), já nas lesões centrais a fase rápida pode estar do lado da lesão (síndrome vestibular paradoxal) ou oposta a ela.

    • Alteração do nível de consciência ou estado mental, como sonolência e depressão, pode indicar uma lesão central já que o Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA) encontra-se no tronco encefálico.

    • Devido à orelha média ser parte do trajeto anatômico dos nervos simpáticos que inervam o globo ocular e pálpebras, a síndrome de Horner (denervação simpática do olho) é mais comum na síndrome periférica que na central.

    • Sinais cerebelares associados aos sinais vestibulares indicam uma lesão central devido a intima relação anatômica e funcional dessas estruturas.

    3)Devido ao historio de sinais clínicos agudos minhas principais suspeitas são:

    • Infecciosa – Cinomose; Criptococose; Erliquiose; Toxoplasmose; Neosporose. Todas possuem a característica de progressão dos sinais caso nenhum tratamento efetivo seja realizado.

    • Inflamatória – Meningoencefalite granulomatosa (MEG). Também possui a característica progressiva dos sinais e tende a se tornar multifocal logo após o início dos sintomas.

    • Tóxica – Intoxicação por metronidazol. Não foi citado na história, mas caso o paciente estivesse sendo medicado com altas doses deste fármaco por um período de tempo superior a 7 dias, os sinais vestibulares poderiam ter surgido de uma intoxicação.

    • Neoplasica – Qualquer neoplasia pode lesionar o sistema vestibular central (primária ou secundária). Em cães, os tumores intracranianos que mais afetam as estruturas vestibulares são meningiomas e neoplasias do plexo coróide localizadas no quarto ventrículo (Ex. Papiloma do plexo coróide).

    • Metabólico – Hipotiroidismo.Um recente trabalho retrospectivo (1999-2005) de pesquisadores da Virginia – EUA*, demonstrou associação do hipotiroidismo com síndrome vestibular central em 10 cães. Este estudo sugere que, dependendo da resenha e historia clínica do paciente, esta doença pode ser incluída no diagnostico diferencial de síndrome vestibular central.

    4)

    • Hemograma com contagem de plaquetas,
    • Urinálise,
    • Análise do LCE,
    • Cultura bacteriana e fungica e exame direto para criptococose do LCE,
    • Ressonância magnética.
    • Por permitir melhor definição das estruturas ósseas do que dos tecidos moles intracranianos a tomografia computadorizada é mais indicada para o diagnostico por imagem da síndrome vestibular periférica.
    • Colesterol
    • Dosagem de T4, T4 livre e TSH.


    * Higgins M.A, Rossmeisl Jr, J.H, Panciera D.L. Hypothyroid – Associated Central Vestibular Disease in 10 Dogs: 1999 – 2005. J. Vet. Intern. Med 2006;20:1363 – 1369.

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  3. 1 - Há um comprometimento de núcleos vestibulares causando uma Síndrome Vestibular Central, acometendo o lado Direito do paciente.

    2 - Sistema vestibular central pela presença de inclinação da cabeça, nistagmo vertical, alterações posturais (tetraparesia) e sinais cerebelares.
    Os pares de nervos afetados são o: V, VI, VII, VIII.

    3 - Por se tratar de início súbito, podem ser descartadas as causas progressivas que incluem doenças nutricionais e metabólicas, inflamatórias ou infecciosas, neoplásicas, degenerativas e anomalias. As prováveis causas seriam:
    Trauma
    Tóxicas
    Idiotática
    Vascular

    4 - Os exames complementares necessários para este paciente seriam Raio X, análise do líquido Céfalorraquidiano, pode-se utilizar de recursos mais avançados de imagem como Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética, e avaliação da condição geral do paciente, hemograma completo, urinálise e perfil hepático (ALT, FA, GGT).

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  4. Não sou veterinária, mas neurologista. Em humanos uma afecção de início súbito aponta para causas vasculares, podendo ser um simples AVE hemorrágico ou isquêmico, ou então uma neoplasia com hemorragia. Nâo consegui ver o vídeo, mas pelo que parece há um acometimento dos seguintes NC: V, VI, VII e VIII, cujos núcleos se encontram na ponte, além do trato córtico-espinhal. MInha opinião seria acometimento do tegmento da ponte.

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